DIÁLOGOS - Márcio Pannunzio, Miriam Zegrer, Sergio Antunes Kal, Ulysses Bôscolo e Yili Rojas

Márcio Pannunzio
Márcio Pannunzio
METRÓPOLIS
xilografia de topo
matriz de guatambu amarelo
papel arroz japonês Usuyo Gampi White
83 x 122mm
2011
 
detallhe

"A matriz que usei é de guatambu
amarelo, praticamente do mesmo
tamanho da xilo do horto escolhida,
guatambu esse obtido no horto pelas
mãos do saudoso Sr. Ivo, chefe da
marcenaria na década de 80. Foi
gravado com buril e goiva em U; levei
ao pé da letra sua proposta e busquei
estabelecer um diálogo entre a imagem
bucólica daquela praça da década de
40 e minha xilo. Hoje, infelizmente
nossas cidades aviltam suas poucas
praças. Na caótica trama das ruas
abarrotadas de carros, ônibus,
caminhões, caixotes de concreto e
caixotes de tijolo baiano e madeirit,
o espaço públicou se degradou. Em
nome da segurança e do consumismo
desenfreado e alienado, as pessoas
fazem dos shoppings centers suas
modernosas praças. Na minha xilo
existem três elementos que preservei
com ligeiras modificações da imagem
inspiradora: a estátua permaneceu,
mas sardônica; permaneceu também
a luminária central mas aboletada
de câmaras de segurança, e a copa da
frondosa árvore é agora uma mancha
enorme de fuligem. Outro é nosso
tempo e diante dele, o passado sempre
deixará saudade.”
Márcio Pannunzio
 Márcio Pannunzio, que reside em
Ilhabela desde 1989, é um dos
gravadores brasileiros de presença mais
constante em mostras internacionais
de gravura; participou de mais de uma
centena ao longo de duas décadas.
Ganhou prêmios doze vezes, entre eles,
na XYLON 12 – International Triennial
Exhibition of Artistic Relief Printing
(Suíça), na Biennale Internationale
d’Estampe Contemporaine de Trois-
Rivières, Première Édition (Canadá)
e no 3º Concurso Internacional de
Minigrabado “Ciudad de Ourense”
(Espanha).

Miriam Zegrer
Miriam Zegrer
FARMÁCIA XAMÁNICA
xilogravura
2 cores
275 x 375 mm
2011

"Farmácia Xamânica –
minha gravura
Assim que vi as gravuras da Escola do
Horto Florestal fiquei maravilhada
pela poesia dos objetos comuns. Essa
coleção de objetos diversos, fora do
seu contexto, todos tratados com
imenso cuidado e delicadeza, me
causaram o efeito de um gabinete
de curiosidades. Imaginei que se
essas imagens fossem descobertas
por um povo estrangeiro ou futuro,
aí se veriam objetos de culto. Assim,
os frascos de perfume, que eu escolhi
como um ponto de partida para
a minha gravura, me fascinaram
pela sua presença suntuosa e suas
personalidades – eu hesitei entre
o título ‘farmácia xamânica’ e ‘as
amantes do xamã’.”
Miriam Zegrer
Miriam Zegrer vive e trabalha em
Berlim desde 1997. Estudou na Escola
de Belas Artes de Avinhão, França,
de 1991 a 1996. Criou um ateliê de
gravura – o DruckStelle em Berlim –
em 2001, onde ensinou e praticou as
técnicas de estampa até 2008. Criou
o ateliê DruckAtelier em 2009, para a
xilogravura e a serigrafia. Sua técnica
favorita é a xilogravura de acordo com
as técnicas japonesas e a fabricação de
livros de estampas originais.


Sergio Antunes Kal

Sérgio Antunes Kal
279
xilogravura
3 cores – 3 matrizes
papel japonês
400 x 300mm
2011

" Achei muito interessante, ao ver pela
primeira vez, todas aquelas pequenas
matrizes, distribuídas de maneira
muito organizada em várias gavetas:
me pareceram pequenos tesouros
revelados.
E ao pegar nas mãos a imagem
escolhida e observá-la mais
atentamente, me pareceu estar
olhando algo pelo buraco de uma
fechadura. Descobrindo segredos.
Percepção essa sugerida pelas
bordas não gravadas da madeira,
contornando o objeto, levando-o para
um plano mais afastado. Dialogar
com a imagem foi tentar trazê-la
para o primeiro plano, apresentá-la.
Mas continuar respeitando
seus segredos."

Sergio Antunes Kal
Sergio Antunes Kal nasceu em 1971
e vive e trabalha em São Paulo, SP.
Formou-se em Design Gráfico pela Faculdade
de Belas Artes de São Paulo em 1992. Desde
1999 atua como designer em seu próprio
estúdio, a Sapien Design e Comunicação. Em
2007 concluiu pós-graduação em Fotografia
e Teoria da Imagem no SENAC. Realizou
ilustrações, colagens e projetos gráficos para
o mercado de moda, criando estamparia,
vitrines e material de identidade visual para as
principais indústrias têxteis nacionais.
Trabalha há mais de 15 anos com design gráfico,
design de embalagens e design promocional
para empresas nacionais e multinacionais do
setor de consumo (Danone, Parmalat, Paulista,
BIC, Kelloggs, Kraft Foods e outros). Seus
trabalhos foram realizados principalmente
para o Brasil, mas também alguns projetos para
Argentina, Chile, Uruguai, México, Espanha,
França e Portugal.
Participa desde 2006 de projetos coletivos
e exposições no Sesc Pompéia, realizando
projetos em xilogravura, monotipia e colotipia.
Em 2008, participou do intercâmbio entre
gravadores brasileiros e cubanos denominado
“Entre La Habana e Sao Paulo”. Realizou álbum
de gravuras que condensa a experiência e a
troca entre os diversos artistas. Entre outras
exposições, destacam-se: Voadores, SESC
Pompéia, 2008; SP Arte, Galeria Mezanino,
2010; The Faces, Galeria Mezanino, 2010;
Do traço ao pixel, Galeria Mezanino, 2010;
Olhares, Galeria Michelangelo, 2011 e Retratos
e autorretratos, Galeria Mezanino, 2011.


Ulysses Bôscolo

Ulysses Bôscolo
SONHOS – A SOMBRA ROSA DO PINHEIRO
xilogravura de fio impressa em papel japonês em três cores
azul, rosa e preto, divididas em duas matrizes.
10 exemplares coloridos a mão.
300 x 400 mm
2011




"Realizei uma imagem sem registro,
onde as cores entram uma na
outra como as sombras das árvores
cobrindo a estrutura dos objetos,
escondendo os pássaros nos galhos,
numa época em que os sentidos estão
um pouco embaralhados para mim.”

Ulysses Bôscolo

Estudou Artes Plásticas na FAAP,
formando-se em 1999. Trabalha com gravura
em metal, xilogravuras, pinturas, objetos
e ilustrações. Realiza por procedimentos
de talha e impressão uma ampla rede de
imagens associadas à paisagem do cais
de Santos, a Serra do Mar, a Serra da
Cantareira, em São Paulo , além de estudar
a estrutura de diversos tipos de mamíferos,
répteis, peixes e invertebrados. Em 2007
realizou exposições no Pratt Institute e no
Goloboroko´s Studio, em New York. Em
2008 realizou exposições de xilogravuras no
Japão e no Canadá. Premiado com o PROAC,
desenvolveu ações de desenho e xilogravura
sobre a história e a geografia da Serra do Mar,
retratados no álbum Os Colecionadores de
Estampas. Em 2009 realizou seis exposições,
com destaque para a série de xilogravuras
Alçapão ou Diários de Verão, pela Galeria
Gravura Brasileira e a mostra coletiva Fundos
(reunião de álbuns de xilogravuras feitas com
madeiras encontradas na rua) pela Galeria
Mezanino. Em 2010 participou da Feira Anual
de Artes no Pavilhão da Bienal – SP ARTE,
pela Galeria Mezanino e abriu, no mesmo
período, na Galeria Gravura Brasileira, a
exposição O Livro Rosa. Em 2011, participou
do SP Arte pela Galeria Mezanino. Dedicase
ao ensino e à arte de desenhar, gravar e
imprimir em papel, produzindo, além de
estampas, cadernos com colagens, aquarelas
e monotipias. Ministra aulas regulares de
desenho e entalhe em madeira no Ateliê
Piratininga, coordenado pelo artista
Ernesto Bonato.
 Yili Rojas

Yili Rojas
VERWANDELN
xilogravura e escrita a Lápis
5 matrizes de umburana
300 x 400 mm
Berlim 2011
"Por coincidência ao fazer minha gravura
para o projeto Diálogos eu estava fazendo
a viagem inversa que um dia Kohler fez da
Alemanha rumo ao Brasil. Este desconhecido
gravador alemão tinha me interessado
desde quando fiz uma pesquisa sobre Lívio
Abramo e percebi ali sua importância para
o desenvolvimento da gravura no Brasil.
Somos herdeiros de uma tradição gráfica
recebida por uma cadeia de artistas que a
receberam daqueles que os antecederam
ou influenciaram, por este motivo um fio
invisível nos une também a Kohler.
Tentei me reencontrar com ele ao olhar as
folhas amarelas caindo das árvores e nelas
para a mutação da natureza na latitude
da qual ele veio, com o assombro, com a
qual imaginei, ele deve ter olhado para a
exuberância da mata que encontrou no
Brasil. A gravura que fiz teve como inspiraçao
uma folha de árvore gravada na Escola
de Xilogravura do Horto Florestal. Para
fazer minha imagem cortei cinco pequenos
pedaços da umburana nordestina que trouxe
comigo para Berlim. Cortei estas madeiras
no inverno e sobrepus às impressões de cor na
primavera. Assim o fio que nos une continua
seu percurso..."
Yili Rojas 
Natural de Bogotá, Colômbia, chegou ao
Brasil em 1990. Anos mais tarde se formou
em Artes Plásticas na Universidade Federal
do Espírito Santo. Desenvolve um trabalho
de gravura, desenho e instalação gráfica
com o qual participa de grupos e de projetos
coletivos, como o Grupo Dragão de Gravura,
Cidade Expandida, o Projeto Lambe-lambe
e Projeto ArtistaEmViagem. Em São Paulo
trabalhou como arte-educadora e ilustradora
para editoras e vários veículos de imprensa.
Seu trabalho tem sido exposto em mostras
coletivas e individuais como a “Expedição
Gráfica”, na Galeria Gravura Brasileira
(São Paulo) em 2010, resultado de viagem
realizada em 2009, junto com o fotógrafo
Isaumir Nascimento. É autora do Projeto
Caixa Umburana, realizado graças ao incentivo
recebido da FUNARTE, mediante o Programa
REDES. Em 2010 recebeu o título de Mestre
em Poéticas Visuais pela ECA USP, com o
projeto Cadernos de Partida, desenvolvido com
orientação do Professor Luiz Claudio Mubarac.
Em outubro de 2010 iniciou o curso de
mestrado Kunst in Kontext (Arte em contexto)
na UdK (Universität der Künste) em Berlim,
Alemanha, onde mora atualmente

fotografias das obras contemporâneas - Karime Rubez
imagens das obras da Escola de Xilografia do Horto - Maria Pinto