DIÁLOGOS - André de Miranda, Cleber Alexsander, Cleiri Cardoso, Florian Foerster e Francisco Maringelli

Convidamos 13 artistas plásticos, que trabalham com xilogravura e que sabíamos que apreciariam os recursos gráficos dessas gravuras produzidas no horto florestal no século passado.

Em ordem alfabetica, estão apresentados cada convidado e as duas autoras desse projeto, a obra do acervo escolhida e a gravura preparada.

Todos esses trabalhos foram feitos com total liberdade, só tendo sido definido o tamanho do papel, mas cada um escolheu a madeira, o papel, as cores, a técnica, tendo assim formado um álbum de gravuras excepcional.

André de Miranda
André de Miranda
ENTREI PELO CANO
xilogravura impressa sobre classificados de
jornal de lançamento de novos prédios
144 X 249 mm
2011

André Luiz Pinto de Miranda
(Rio de Janeiro, RJ, 1957 Brasil)
trabalha e reside no Rio de Janeiro.
Gravador, pintor, desenhista e
ilustrador, iniciou sua atividade
artística em 1975. Começou a estudar
xilogravura em 1981 com Ciro
Fernandes e J. Borges, no Rio. Também
estudou xilogravura com Anna Carolina
Albernaz, gravura em metal com
Marcelo Frazão e Heloísa Pires Ferreira.
Conviveu com inúmeros gravadores e
artistas plásticos, como Samico, Iberê
Camargo, Augusto Rodrigues, Scliar,
Franck Shaeffer, entre outros. Estudou
desenho de artes gráficas no Senai
Rio de Janeiro. Residiu de 1993 a 1997
em Três Lagoas, MS e em Curitiba,
PR, de 2003 a 2008. Foi professor de
desenho no Senai da Construção Civil,
Rio de Janeiro. Já realizou mais de cem
oficinas e workshops de gravura pelo
país, no Acre, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro, São Paulo e Paraná. Ministrou
aulas de xilogravura nas Universidades
Federais do Paraná e Mato Grosso do
Sul. Teve mais de duzentas exposições
individuais e coletivas de gravura,
desenho e pintura. Foi membro do
Núcleo de Gravura do Rio Grande do Sul
e escreve artigos sobre gravura.
Cleber Alexsander
 Cleber Alexsander
SEM TÍTULO
xilogravura
4 cores – 2 matrizes
300 x 400 mm
papel japonês
2011
"Independentemente de modismos
ou autopromoção no qual o meio
artístico está permeado, é muito
comovente ver pessoas trabalhando
com arte de forma séria, expressando
suas idéias com liberdade e
competência.
Ao ser convidado para participar
do projeto fiquei muito feliz, pois
pude ter o privilégio de vivenciar
uma experiência enriquecedora,
tanto no desafio de construir uma
imagem baseada em outra imagem,
que embora compartilhe do mesmo
processo técnico, pertence a um
universo completamente diferente
do meu trabalho, assim como poder
participar de um trabalho no qual
um resgate histórico é feito de forma
criativa e despretensiosa.”
Cleber Alexsander
Cleber Alexsander Pereira Nunes é
formado em História pela Universidade
de São Paulo e participou de muitas
exposições coletivas, entre as quais:
Encontro da Imagem com a Palavra,
Memorial da América Latina, São Paulo;
5ª Bienal Internacional de Gravura
de Santo André (Prêmio Cidade de
Santo André); Luzes e Sombras Arte
sobre Papel, Parque da Água Branca,
São Paulo; Paisagens Gráficas, Museu
Florestal Octavio Vecchi, São Paulo;
A Linha Revelada, Galeria Polytheama,
Jundiaí e a instalação coletiva Voadores,
Sesc Pompéia, São Paulo. Entre as
exposições individuais destacam-se:
O Movimento Estático da Cor, Parque
da Água Branca, São Paulo e
Cor: A Expressão Rítmica do
Movimento, Jundiaí.

Cleiri Cardoso 
 Cleiri Cardoso
MEU VESTIDO BORDADO
3 matrizes: xilogravura de topo de artista
desconhecido da Escola de Xilogravura do Horto
Florestal , xilogravura e linóleo gravura
3 cores,
Papel kozo
380 X 175 mm
2011


" Meu vestido bordado. articula projetos coletivos.
Quando coloquei os olhos na matriz
da máquina de costura, aconteceu
um encantamento imediato e a
imagem que seria ainda gravada,
para ser sobreposta a ela, se esboçou
naquele instante. Um vestido
bordado com algumas das palavras
que me cercam atualmente. A
máquina de costura remete à minha
querida mãe, que me transmitiu o
intenso gosto pelos fazeres manuais,
pelo transformar a matéria com
intenção, como um pedaço de tecido
num belo vestido, ou um pedaço de
madeira em matriz.
O contato com aquelas informações
gravadas com tanta precisão e
a difícil tarefa de imprimi-las
resultou num imenso e prazeroso
aprendizado. Este diálogo me levou a
reflexões acerca das minhas escolhas
e suas origens, reafirmando-as.”

Cleiri Cardoso
Cleiri Cardoso reside e trabalha em
São Paulo. Estuda e utiliza processos
que permitem a reprodução de imagens
na construção de séries de gravuras,
livros de artista, publicações, vídeos e
intervenções urbanas. Transita pelos
processos gráficos, desde os meios
tradicionais até os contemporâneos,
investigando a aplicação e a fusão
dessas linguagens em composições que
discutem a vida na cidade e os espaços
em que o homem habita e interfere.
Atua também como arte-educadora e
Meu vestido bordado. articula projetos coletivos.

 Florian Foerster
 Florian Foerster
SYSTEMATIC SURVEY + FRAGMENT
xilogravura sobre fotocópia
100 x 284 mm
2011
"Eu escolhi a gravura com que iria
dialogar ao ver uma obsessiva e
estranha réplica de um gráfico feito
em xilogravura. O rigor e a estrutura
desse gráfico para anotar medidas
relativas à temperatura e explorar,
examinar e categorizar a realidade
do clima local tornam belamente
visível o quão abstratas e poderosas
podem ser as observações científicas.
Eu imprimi o meu bloco sobre folhas
onde havia previamente fotocopiado
a gravura original da Escola do
Horto. A nova matriz introduziu
fragmentos narrativos da conquista
do Brasil no gráfico, obscurecendo-o.
Eu imaginei minha xilogravura como
uma frágil revolta da madeira contra
ser medida e examinada.”
Florian Foerster
Florian Foerster estudou Artes Plásticas
e Engenharia Civil nas Universidades
de Manchester e Liverpool, Inglaterra.
Durante os estudos começou a passar
longos períodos no Brasil a conhecer e
frequentar o ateliê de gravura do Museu
Lasar Segall. Participou de muitas
exposições coletivas e individuais,
destacando-se as individuais nos
seguintes espaços: Institute Goethe de
Manchester, Inglaterra; Philharmonie
de Berlim, Alemanha; Galerie SuedOst,
Berlim, Alemanha; Tib Lane Gallery,
Manchester, Inglaterra; Godine Family
Gallery, Boston, EUA e Galeria Gravura
Brasileira, São Paulo.
Foi também selecionado para o
Bridgeguard Residency na Eslováquia.
Os trabalhos de Florian Foerster
preocupam-se com as diferentes
maneiras e processos de olhar e de
desenhar.

Francisco Maringelli 
 Francisco Maringelli
SEM TÍTULO
xilogravura
200 x 275 mm
2011

" A xilogravura de topo que escolhi
como referência para a minha
interpretação contrasta com a
produção da Escola do Horto, que
difundia um vocabulário gráfico
derivado das ilustrações técnicas de
esmeradas meias-tintas obtidas com
os buris raiados.
Trata-se de uma cena de verve
humorística, em um ambiente
popular, com personagens figurados
de modo caricatural. Aparentemente
esse topo está em processo de gravação,
pois ainda há vastas porções de preto e
os personagens estão distribuídos em
pequenos blocos.
A interpretação que proponho
preserva alguns personagens e
suprime outros, tendo ao centro a
monumental figura de costas
trajando capote e cartola e dois
blocos com aglomerados de figuras
inventadas nas extremidades,
nas quais busquei emular recursos
gráficos mais lacônicos, próprios do
meu trabalho e da imagem original
escolhida.”
Francisco Maringelli
 Francisco José Maringelli, artista plástico,
é licenciado em Artes Plásticas pela ECA
USP (1990), graduado em Arquitetura
e Urbanismo pela FAU USP (1985) e
especializado em Docência no Ensino
Superior pela UNIFIG-UNIMESP
(2007/2008). Atualmente é docente do
Curso de Bacharelado em Artes Visuais
do Centro Universitário Belas Artes de
São Paulo, desde 2007, e da UNIFIGUNIMESP,
Guarulhos. Exposições:
Gabinete de Gravuras: Convivência entre o
Antigo e o Contemporâneo, Sesc São José
dos Campos, SP; No Olho da Rua – Galeria
Gravura Brasileira; 16 Olhares: Desenhos,
Galeria Graphias; I Bienal de Gravura
de Santos; Encontro da Imagem com a
Palavra, Memorial da América Latina;
Espaços Funarte de Artes Visuais; Bienal
de Gravura de Santo André; Paisagens
Sonoras; Universidade Federal de São João
Del Rei, MG; Bienal Nacional de Gravura
Olho Latino; Salão de Arte Contemporânea
de Santo André; Mostra da Gravura da
Cidade de Curitiba; Grandes Formatos na
Gravura em Relevo, CCSP e em Curitiba.
Mostras internacionais em Cremona,Itália;
Cerveira, Portugal; Ferrol,Espanha;
Xylon,Suíça; Ljubliana, Eslovênia; Lódz,
Polônia; Kanagawa, Japão e outros.
Trabalha com gravura e pintura.


fotografias das obras contemporâneas - Karime Rubez
imagens das obras da Escola de Xilografia do Horto - Maria Pinto